quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

'A Identidade'...

Hoje senti necessidade de... filosofar.

Não vou citar nenhum autor, nem obra anónima ou o pensamento de outrém... apenas deixar que as letras do teclado corram entre os meus dedos discorrendo o que me vai... na alma. Ou melhor: no pensamento.

Pode não ser um discurso coerente, e nem sequer é uma comunicação dirigida.

Portanto, diria que é apenas um desabafo... uma partilha da angústia que sinto que muitos de nós sentimos perante as adversidades dos tempos que estamos a viver.

Apraz-me dizer que sou uma privilegiada, face a muitas outras pessoas que conheço ou conheci neste caminho da vida... mas sinto um enorme e intrínseco pesar, por saber que há quem não o seja.

Como gostava de ter uma 'varinha mágica' e de levar luz a quem não vê; a alegria a quem está triste; o pão a quem tem fome, a água a quem tem sede; uma palavra a quem vive no silêncio... um trabalho a quem está sem trabalho e meio de subsistência.

São muitas as questões, as perguntas sem respostas, as dúvidas e as incertezas.

Talvez este seja um grito de alerta para este vazio em que nos estamos a tornar - absortos na legítima angústia e na incerteza de que o nosso posto de trabalho está lá amanhã, como esteve hoje - descurando muitas vezes quem nos é mais importante: a nossa essência, os nossos filhos, esposo(a), pais, irmãos, primos... amigos.

No que nos estamos a tornar? Vivemos uma 'ditadura democrática'? A competividade promove a mediocridade?  O medo conduz à imoralidade da acção e do pensamento? À inércia? Ao comodismo?

Vivemos tempos conturbados e às tantas parece-me que estamos não só a perder a identidade, como a dignidade, aquilo que nos faz sentir essência, pessoa de direitos e liberdades, mas também de deveres e obrigações. Para connosco e para com os outros.

Há muito que não andava na rua, no metro...  que não sentia os odores das manhãs de Inverno, a luz quente do Sol na tez, que não sentia as pessoas no seu 'frenezim' diário, saindo um pouco da minha 'bolha'. E eis que o fiz e....sinceramente, 'senti' que caminhamos desmotivados, desmoralizados. Quase vazios de coisas boas e salutares como a alegria, a felicidade, a esperança...

Senti que alguns de nós - independentemente da situação económica e social (nem que seja a que aparentamos) - precisamos que nos oiçam, que alguém nos perguntem quem somos, ou o que queremos... o que esperamos dos outros e da vida, e quem queremos que nos dê a mão... uma palavra amiga e carinhosa ou apenas de uma palavra. 

São tantas as dúvidas e as questões que me ocorrem... mas sei que não existem respostas que me saciem.

O título deste 'post' é, também, o de uma obra de Milan Kundera, que li vezes sem conta, porque, de algum modo, e de uma forma talvez inusitada, me identifiquei com as suas personagens. Há alguns anos. Há obras assim. Intemporais, porque sempre actuais. Nem que seja por instantes, por momentos...

Estamos a perder a identidade, porque querem que se perca a memória. A nossa memória, das coisas e das pessoas do passado que, para o bem ou para o mal, são parte de nós, da nossa vivência e da nossa experiência.

Dizem que este é um País de velhos, será? E se assim for, porque não vemos neles os mestres? A sensatez, a moderação, a voz da razão para que valorizemos o essencial, e menos o assessório?!

E porque não cuidamos desses mesmo velhos? Porque os deixamos morrer sozinhos e porque nos sentimos, também nós, sozinhos, desamparados? Furiosos, infelizes e impotentes... reféns de uma idade cronológica que, nem sempre, ou muitas vezes, não corresponde àquela que sentimos?

Seremos velhos aos 40 anos, aos 50, aos 60? E demasiado novos aos 20? E profundamente ambiciosos aos 30?

Quem determina que assim seja? E porquê?

Eu senti-me velha aos 20, rejuvescida ao 30 e muito mais sensata e tolerante aos 40. Mas nem por isso mais feliz ou infeliz. Senti-me apenas... diferente, talvez. Sem nunca deixar de ser a 'eu' de sempre.

O que nos estamos a fazer? O que estamos a deixar que nos façam?

Não nos podemos perder, sem ser em nós próprios... Porque aí, pode ser mais fácil encontrarmo-nos!

TF

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012




Comunicação Educacional



Como refere Coutinho et al (2008, p:1) «as TIC são tecnologias tanto cognitivas como sociais”.

Os autores falam da evolução dessas mesmas tecnologias e do que a mudança de paradigmas (aparecimento da Internet) contribuiu e se reflectiu na comunicação educacional.

Passou-se de uma abordagem pedagógica unidireccional para uma construtivista (hipertexto), que privilegia o ensino/aprendizagem colaborativo, focalizado no aluno e nos seus interesses.

Os espaços de educação são hoje formais e informais, o que conduz à questão da volatilidade da informação que circula na rede, como já alguns colegas referiram.

De facto, é necessário que haja uma certa ‘triagem’ no que concerne à informação que circula na rede, pelo que, na minha óptica, no contexto educativo, o alerta deverá partir do docente. Mas é necessário que o aluno esteja disponível para ouvir o professor e receptivo às suas sugestões.

É indesmentível que a selecção é importante, dada a evolução da Web (2.0) – o utilizador já não é só um espectador, mas um produtor de conteúdos – pelo que  a facilidade de criar um sítio (site), onde tudo se pode partilhar, tem os seus ‘perigos’.

Pelo que, para que a informação postada seja de facto relevante e ‘legítima’ é importantíssimo que o autor do blogue – wiki ou podcast – identifique o propósito do mesmo e legitime a origem dos dados.



Bibliografia:



Coutinho, C. & Junior, J. (2008). “Comunicação Educacional: do modelo unidireccional para a comunicação multidirecional na sociedade do conhecimento”. Em M. Martins & M. Pinto (Orgs.). Comunicação e Cidadania - Actas do 5º Congresso da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação. Braga: Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (Universidade do Minho). Acedido a 24-8-2011 em http://193.137.91.100/ojs/index.php/5sopcom/article/viewFile/168/164
Imagem: Google (DR)

Viver o digital


«A teoria da aprendizagem e educação, em desenvolvimento, por Papert, construticionismo, está baseada na noção de que as pessoas aprendem ao activamente construírem um novo conhecimento» (Biazuz, 2003, p:6).
Esta parece-me ser a essência do que se pretende com a comunicação educacional multimédia: conduzir à autonomia na construção do conhecimento.
Vivemos na 'era digital' e é a Internet que apresenta as maiores possibilidades educacionais, pois permite aquilo a que Biazuz chama "aprendizagem activa".
Mas parece-me que, mais do que a importância das ferramentas, das maravilhas do software, é o real contributo dessas possibilidades no processo do conhecimento/aprendizagem dos educandos.
«Nos projetos de Alava, as características que visam desenvolver autonomia nos educandos são: abertura para outros recursos materiais e humanos, utilização de modos de representação múltiplos, presença de atividades de favoreçam a aprendizagem, estabelecimento de uma rede de comunicação, acesso a ferramentas de pesquisa e de triagem de informação e acesso a ferramentas de acompanhamento do estudante na participação no desenvolvimento do processo.o viver ao qual queremos nos referir possui um aspecto mais amplo e mostra um educando autônomo, imerso no ambiente digital fazendo escolhas sobre o meio que quer usar e pesquisando (utilizando estes meios) para elaborar o seu trabalho para que ocorram mudanças». (Biazuz, 2003, p:8)
Nota:
Este resumo foi previamente apresentado na 'sala de aula' de FCEM. E a  razão da sua publicação deve-se ao facto de me ter apercebido, no decorrer do semestre, o quanto tenho negligenciado este blogue. Sendo assim, porque não publicar as minhas sintéticas reflexões?!
 Bibliografia:

Biazuz, M. (2003). “É possível viver o digital na multimídia utilizada com fins educacionais?”. Em Novas Tecnologias na Educação, CINTED-UFRGS, vol. 1, nº 2, setembro. Acedido a 24-8-2011 em http://www.nuted.ufrgs.br/oficinas/criacao/multimidiafinseducacionais.pdf
Imagem: Google (Direitos Reservados)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Visitantes: obrigada


Visitors: Thanks

Caros visitantes,


Este é um blogue, essencialmente, sobre temas de Educação, pelo que agradeço que toda e qualquer informação que retirem que seja de autor, façam o favor de o citar.


O património de autor deve ser preservado.


Pontualmente, claro, posso 'postar' outro tipo de informação...


Grata


Dear visitors


This is a blog mainly on issues of education, for which I thank you all and to remove any information that is copyright, please come to quote.


 The author's heritage must be preserved.


 Occasionally, of course, I can 'post' another type of information ...


Thanks
Agradecimento

Thanks


Prezados 'seguidores'...


Dear followers...


Este 'post' serve apenas para agradecer a todos aqueles que já visitaram este meu pequeno blogue.


Antes de tudo, queiram desculpar a fraca actualização do mesmo, mas com a minha vida profissional e académica, não está fácil ter tempo.


Estou agradavelmente surpreendida por saber que a maioria dos visitantes é de Portugal e do Brasil, mas também da Rússia e de Angola. Impressionante.


Aos portugueses, angolanos e brasileiros: muito obrigada por visitarem este blogue.


Lamento não saber escrever em russo, mas vou tentar (graças ao tradutor do google)...: Спасибо, что посетили этот блог.


Mas porque também porque já houve algumas visitas dos EUA, aqui segue o agradecimento: Thank you for visiting this blog.


Não posso deixar de agradecer sobretudo aos grandes académicos brasileiros. Muita da bibliografia que me é dada a ler pelos docentes é oriunda de Terras de Vera Cruz. Talvez por terem muito bons investigadores e docentes em Educacção, e também por ser tecnologicamente avançado. Mas um dos maiores pedagogos de sempre, na minha óptica, claro, e cujas palavras são sempre inspiradoras é Paulo Freire. (Por acaso ainda estou para descobrir se não temos alguma ligação familiar...;))


E por Brasil... vou partilhar convosco, com toda a humildade, algo mais da minha proximidade a esse fantástico e enorme País:


Além de Paulo Freire, o Brasil tem muitas outras maravilhas... a comida, os sucos de fruta maravilhosa - que saudades de uma água de côco em Copacabana, apesar de preferir uma caipirosca - as praias... o Sol ... e actores fantásticos, além de grandes músicos, poetas e escritores. Alguns dos quais tive o prazer de conhecer graças à minha vida profissional. Entre eles, o grande Jorge Amado. Quando conheci o 'bairro dele', - que parece mesmo o nosso Bairro Alto - ainda era vivo. Mas também conheci a sua maravilhosa esposa, Zélia Gattai.


Enfim...  pessoas fantásticas que conheci em Portugal, muito antes de conhecer o Brasil. Mas no Brasil conheci muitos anónimos maravilhosos: além dos profissionais da minha área, também a cabeleireira, o recepcionista, o taxista, a funcionária de uma loja de vestidos fantásticos (e baratos) do Rio de Janeiro.


Adoro o Rio de Janeiro pela sua descontração... e tenho saudades de passear pelas ruas da cidade cruzando-me com o 'sr x' que passeia o seu cãozinho em calção de banho; São Paulo é mais... 'europeu' mas encontrei gente igualmente fantástica e muito profissional e elegante; a Baía é muito mística e musical... e em Porto Seguro conheci uma tribo de índios que jamais esquecerei. Não tanto os adultos, mas as crianças... eram lindas, muito espertas e de uma alegria e uma delicadeza invulgares... Não sei como explicar. Mas fiquei fascinada. Um dia, quando encontrar no meu baú as fotos dos 'meus meninos índios', coloco aqui em sua homenagem. Espero que sejam hoje uns adolescentes felizes e que todos os seus sonhos se tenham concretizado.


Bem hajam!







quinta-feira, 1 de dezembro de 2011


PROJECTO

FERRAMENTAS
DE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL
MULTIMÉDIA 

Este Projecto de Logótipo para a UC FCEM teve como principal preocupação incluir elementos que conduzam aos conteúdos abordados nesta cadeira, bem como representar uma síntese das ferramentas que permitem a interactividade e das possibilidades que a Internet apresenta. «A sociedade global do século XXI a Internet não é uma simples tecnologia de comunicação, mas o epicentro de muitas áreas da actividade social…» (Coutinho, 2008, p:2)

Foi também determinante para a elaboração do projecto, a busca de imagens com cor, pois, como referem os especialistas, a cor torna o ‘objecto’ mais atractivo do que o preto e branco. Pelo que é propositada a miscelânea de cores, embora hajam duas cores ‘dominantes’: o laranja e o azul.

Descrição do logo:
1 O nome da UC em laranja foi inspirada na imagem do globo com o rato que representa o moodle.

2 A imagem do moodle revela a potencialidade do software que permite o ensino à distância, método utilizado na nossa universidade; o e-learning e o b-learning.
3 A imagem www (world Wide web) representa o sistema de alcance mundial de documentos através da Internet, uma rede capaz de interligar os computadores de todo o mundo. É o sistema www que nos permite ter acesso a documentos, a páginas, a blogues, a toda a informação que circula na rede e que veio revolucionar o acesso à informação e ao conhecimento.
4 A imagem das almofadas com vários símbolos como o do Facebook, revelam a quantidade de ferramentas disponíveis na Web, que existem para comunicar, interagir, aprender, socializar.

5 A imagem do ‘chat’, da maçã da Apple e dos símbolos das naipes de cartas representam outros processos de comunicação e de aprendizagem, mas também de entretenimento.
a)     No chat podemos interagir com uma ou mais pessoas;

b)    A Apple é uma multinacional que projecta e comercializa produtos software e hardware, sem os quais nenhum dos sistemas de comunicação atrás falados seria possível. Mas escolhi-a sobretudo por ser uma das empresas mais conhecidas no mundo pela linha de computadores Macintosh com os quais tive o prazer de aprender a paginar. É um dos programas mais fáceis e utilizados por muitas empresas e com enormes potencialidades;

c)     Os naipes de cartas representam o entretenimento e o desafio intelectual.

Procedimento e opções do projecto
Elaborei este logótipo através do programa ‘Photoshop’, pelo mesmo permitir o tratamento de imagens e a inclusão de texto nas mesmas, pois com outro programa teria de ter algum talento para o desenho, o que de facto assumo não ter. Deparei-me com algumas dificuldades técnicas, porque este é um programa para profissionais e com o qual nunca tinha trabalhado, ainda assim, após ter feito a experiência de editar uma imagem que acabei por não utilizar, iniciei novo projecto. Primeiro projectei a ideia no papel, queria uma espécie de puzzle, de imagens que se seguissem umas às outras com um fio condutor, com muita cor e que resultasse numa imagem apelativa, com alguma graça, e que simultaneamente conferisse seriedade ao nome da UC.
Pensei o tipo de imagens que queria, com base na justificação anterior; procurei na Internet, coloquei-as numa pasta e abri o programa. Após delinear um quadrado, fui inserindo as imagens uma a uma e reduzindo o seu tamanho àquele que pretendia, colocando-as em puzzle. Optei por deixar para o fim a introdução do texto ou seja do nome da UC.
Auto-crítica:

Admito que aprecio o todo da imagem do logótipo, transmite-me um misto de sentimentos positivos, como alegria, mas também de seriedade, ainda assim, o mérito do mesmo é dos autores das imagens, dos criativos.

T

NOTA IMPORTANTE:
Este texto foi previamente apresentado e publicado no espaço da 'sala de aula' da universidade. Constituíndo uma actividade solicitada como obrigatória em avaliação contínua, pelo corpo docente da referida UC em Novembro de 2011. Tendo o mesmo constituído mais um excelente desafio enquanto aluna do primeiro ano da licenciatura de Educação.

Bibliografia:
Biazuz, M. (2003). “É possível viver o digital na multimídia utilizada com fins educacionais?”. Em Novas Tecnologias na Educação, CINTED-UFRGS, vol. 1, nº 2, setembro. Acedido a 24-8-2011 em http://www.nuted.ufrgs.br/oficinas/criacao/multimidiafinseducacionais.pdf

Coutinho, C. & Junior, J. (2008). “Comunicação Educacional: do modelo unidireccional para a comunicação multidirecional na sociedade do conhecimento”. Em M. Martins & M. Pinto (Orgs.). Comunicação e Cidadania - Actas do 5º Congresso da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação. Braga: Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (Universidade do Minho). Acedido a 24-8-2011 em http://193.137.91.100/ojs/index.php/5sopcom/article/viewFile/168/164  

As imagens: Google

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Reflexões sobre adultez e velhice

RESUMO

A literatura científica é rica na demonstração de uma diversidade de quadros conceptuais sobre o desenvolvimento humano ao longo da vida. Numa linguagem informal é a ficção que traduz esses universos fascinantes do ser psíquico, mas também do biológico e social, dando sentido à máxima de que a beleza do ser humano está na sua complexidade. É este o ponto de partida para uma curta reflexão sobre alguns aspectos da idade adulta (adultez) e da velhice. Da sua identidade face aos desafios da actualidade. Trata-se de uma abordagem pessoal, não exaustiva, pontuada por referências bibliográficas.

Palavras-chave: idade adulta, velhice, identidade, desafios, sociedade

ABSTRACT

The scientific literature is rich in demonstrating a variety of conceptual frameworks on human development throughout life. In informal language is the fiction that translates these fascinating worlds of being psychic, but also the biological and social, giving meaning to the maxim that human beauty is in its complexity. This is the starting point for a short reflection on some aspects of adulthood (maturity) and old age. Their identity against the challenges of today. This is a personal approach, not exhaustive, punctuated by references.

Keywords: adulthood, old age, identity, challenges, society

«Lembrar-se do passado, trazê-lo sempre consigo, é talvez a condição necessária para conservar, como se costuma dizer, a integridade do Eu» (in A Identidade, Milan Kundera)

Numa sociedade em que a agenda político-económica dita as regras, em detrimento de questões éticas, sociais e de cidadania, impõem-se reflectir se não se estará a abrir uma ‘Caixa de Pandora’ quanto a um reequacionamento do que é hoje ser adulto, e do que é ser idoso?  

A própria sociedade marca o ritmo. Um estudo conduzido pela socióloga Filomena Carvalho Sousa, a um universo de 1500 indivíduos, revelou que a maioria dos inquiridos considera que para, ser adulto, é muito importante ter um trabalho estável, poder planear o futuro e ter uma boa situação financeira. «O trabalho é, actualmente, a principal norma de integração dos indivíduos na sociedade (…) O modo de ser, fazer, pensar, e viver em sociedade, subordina-se fortemente à identidade profissional» [Sousa, 2008, p:11]. Contudo, a instabilidade do mercado de trabalho e a perda, cada vez mais acentuada, de autonomia financeira, são, numa primeira instância, factores desestabilizadores para este indivíduo que, em teoria, estaria numa etapa da vida em que estabilidade e reconhecimento social seriam paralelos e inabaláveis. E, como se não bastasse, temos agora uma ‘Troika’, cujas medidas de austeridade anunciam tempos de fragilidade, social e relacional para uma classe média, supostamente estabilizada/equilibrada, que até aqui tem suportado ‘o barco’.

Este confronto com o inesperado, conduz o sujeito adulto a uma reavaliação simultânea do Eu pessoal e do Eu social, como defendem os teóricos do desenvolvimento. Emergir num reposicionamento face às adversidades, promove mudanças numa perspectiva sociológica e psicológica. Os exemplos sucedem-se: trocar a vivenda por um pequeno apartamento; acabar uma licenciatura para manter o emprego e ascender na carreira… Na prática, estes comportamentos fase à adversidade, revelam a maturidade do adulto, mas também significam uma regressão em termos de ascensão social, do que este tinha projectado para o futuro, o que tem, claramente, efeitos emocionais. Para os teóricos, o substantivo ‘mudança’ ou ‘conflito’, abre portas a novas possibilidades no crescimento do Eu individual e social. E falam em resiliência, «factor de equilíbrio pessoal e social que permite ter um funcionamento e desenvolvimento adaptado» [citando Arnaut, 2005, p:17, adaptado por UAb 2011]. Já Tavares [2001, p:57, citado em Arnaut, 2005] define que o indivíduo resiliente é «flexível, aberto, criativo, livre, inteligente, emocionalmente equilibrado, autêntico, empático, disponível, capaz de resistir às mais variadas situações, mais ou menos difíceis, sem partir, sem perder o equilíbrio, por mais adversas que essas situações se lhe apresentem». A habilidade de reagir ao imprevisto, de ultrapassar as dificuldades, de superação (desemprego, divórcio, morte…) requer funções estruturais mais complexas, como defendem os psicólogos do desenvolvimento. Erikson e Loevinger defendem que o desenvolvimento se processa ao longo da vida e por «estádios potencialmente mais maduros e integrados que os precedentes» [Anónimo, 2008, p: 22]. Carece sublinhar a teoria de Erikson, referência pelos seus estudos da idade adulta para muitos teóricos, que considera que o desenvolvimento humano é caracterizado por uma crise psicossocial e que se processa por estádios, tendo em consideração marcadores cronológicos. Levinson, por seu turno, fala em períodos de mudanças, «não significando tais mudanças maior maturidade ou maior integridade». Mas reúnem consenso quando atribuem características de «plasticidade e flexíbilidade» ao adulto.. Tavares [et tal 2007, p:95] refere: «Ao contrário do que se defendia até há pouco tempo, a fase adulta não é demasiado tardia para a aprendizagem e a ideia de estagnação do conhecimento é ilógica e infundada».

Voltando ao estudo de Sousa (2008), refere a socióloga: «Na adultez, ter um trabalho significa ter identidade social e pessoal. O trabalho dá sentido a várias dimensões da vida, mesmo os compromissos conjugais e familiares estão subordinados a um sentimento subjectivo de segurança no trabalho»  [p: 12, citando Ninal, 2000]. A investigação fica ainda marcada por outros dados: a coexistência, em Portugal, nos últimos 30 anos, de três tipos de adulto: o padrão, o inacabado e o híbrido. O primeiro corresponde ao que valoriza a estabilidade profissional, conjugal e familiar, independência e autonomia; para o segundo, a valorização da estabilidade profissional e financeira surge vinculada à importância das práticas de lazer e sociabilidade -  a que a autora designou de ‘hedonismo protegido’ -  e, o último valoriza as componentes anteriores e acresce a valorização da aprendizagem ao longo da vida. O adulto híbrido é, segundo Sousa, o que corresponde à classe média e considerado «o adulto problema». «Na sociedade portuguesa, o adulto híbrido vincula-se na existência de mudança e continuidade. E de continuidade na mudança» [Sousa, 2008, p:8, citando Machado e Costa, 1998].

Acompanhar o ritmo frenético dos acontecimentos, marcado pelo avanço da tecnologia, competir com uma geração mais nova e ambiciosa no espaço laboral, e ainda dar resposta às exigências familiares, afectivas e sociais, obriga a processos constantes de adaptação à mudança. Como refere Sousa (2008), «ser adulto é uma conquista».

Mas, os efeitos da inequívoca modernidade das sociedades e das suas mutações sociais também se reflectem no rácio da população que está em ‘fim de linha’: os idosos. A incógnita que domina a tónica do presente, torna-os reféns de políticas sociais que parecem mudar ao sabor de interesses económicos e que, raramente, surgem com carácter de justiça e solidariedade. Esta fase da vida, que Erikson classifica de Integridade do Eu/ Desespero, é também marcada por mudanças não só biológicas, como sociais e culturais. A adaptação à nova forma de vida opera-se, num primeiro momento, com a reforma (que em Portugal é aos 65 anos), e que simboliza o fim de um estatuto social que se confere ao trabalho, como espelha o estudo referido  de Sousa (2008). Por outro lado, Tavares [et tal, 2007, p: 102] defende que a forma como a pessoa na velhice vive esta fase do seu percurso depende «do valor monetário da reforma, do estado de saúde do sujeito, do tipo de trabalho até aí realizado, do estado civil, do sexo, entre outros». A idade tem as suas mais-valias, como a sabedoria, que no entender dos psicólogos do desenvolvimento obedece a algumas premissas, nem sempre consensuais. Destaco a teoria de Stenberg que considera: “sabedoria implica que a pessoa tenha consciência de que não sabe tudo, que o conhecimento é falível e que não existem respostas absolutas» [Marchand, 2001, p:145]. No que respeita à cognição, recorda Tavares (2007) que a aprendizagem é um processo dinâmico  e que se prolonga, recusando a teoria do declínio das capacidades intelectuais. Neste contexto, «a prática e o treino (…) aumentam o desempenho» [Anónimo, 2008, p: 23]. A motivação dá o impulso e o impacto pode ter resultados excepcionais. Refira-se os estudos que apontam que um número razoável de idosos chegam à reforma e descobrem a potencialidade das redes sociais. Ou ainda, num cenário mais próximo, o exemplo da alfabetização, em alguns casos com prosseguimento de estudos até ao 4º ano.

Conclusão.

A instabilidade política, a fragilidade do sistema social, a precariedade laboral, o desemprego, o aumento da competitividade e as novas formas de socialização que marcam hoje as sociedades modernas, são alguns dos grandes desafios colocados ao adulto, mas também ao idoso. Sujeito à pressão de uma sociedade que tanto lhe atribui características de responsabilidade, assertividade e estabilidade, o adulto pode assistir a um excesso de expectativas forjadas com impactos mais ou menos positivos na sua identidade, auto-estima, ética relacional e social. Mas são estes factores de mudança, esta dinâmica do Eu psíquico e do Eu social que torna o ser humano tão fascinante, complexo, imprevisível e único.

Neste contexto, entendo a biografia do indivíduo como uma obra única e inacabada, na qual o próprio participa/interage, com avanços e recuos, em maior ou maior escala, por factores internos ou externos, conforme processos do seu desenvolvimento, que dependem de dinâmicas biológicas, cognitivas, culturais, relacionais e sociais.

Tarefa 2 – Reflexão sobre o meu percurso na UC Psicologia do Desenvolvimento

Reflectir sobre o meu percurso na UC de Psicologia do Desenvolvimento, sinceramente, se considerar a avaliação do primeiro e-fólio, não tem sido o mais positivo. Perante isto é óbvio que as dificuldades, face à tarefa, não foram cumpridas na sua globalidade. Reconheço que me equivoquei quanto ao solicitado. Ainda assim, retiro desse episódio aspectos positivos e que, no fundo, têm relevância para o meu trajecto nesta licenciatura. Fazer aquele e-fólio  permitiu-me ter acesso a uma série de conteúdos pertinentes. Informação que ainda permanece, o que é indicador de que a assimilação aconteceu, a sua aplicação é que foi desastrosa. Não tendo una carreira ligada à Educação, o desafio torna-se ainda mais estimulante. Pena é que, neste momento, a gestão do meu tempo se tenha desvirtuado, por questões laborais. Ao fim de imensas horas de trabalho, nem mente, nem corpo respondem ao que lhes solicito e, lamentavelmente, a bibliografia vai-se acumulando. De resto, recorrendo ao lugar-comum, o que não deixa de ser verdade, esta é uma das mais apaixonantes e trabalhosas UC desta licenciatura, no entanto, um semestre é pouco.


REFLEXÕES FINAIS:
Por esta altura ainda não recebi a avaliação deste trabalho, contudo, arrisco partilhá-lo.

Mas, independentemente da nota, peço humildemente aos 'seguidores' deste blogue ou aos leitores 'do acaso' que vejam nele uma reflexão pessoal. Enquanto aluna do primeiro ano de Educação, mas sobretudo enquanto cidadã, pessoa, identidade que não pode ficar indiferente às transformações, às mutações... aos desafios que nós, enquanto sociedade, nos colocamos e em tempos tão adversos como os que estamos a viver actualmente, em Portugal e no Mundo. E num Mundo global, o que afecta o outro lado da esfera, reflecte-se, mais cedo ou mais tarde, aqui...

Acredito que as possibilidades de ultrapassar o imprevisto não se esgotam e que a adversidade nos ajuda a crescer, apesar de, admito, em alguns momentos o meu discurso estar muito próximo da fronteira do péssimismo. Não se deixem seduzir pelas palavras, mas reflictam sobre elas e tenham um olhar crítico, emotivo/objectivo q.b. Eu busco este equilíbrio constantemente.

Há quem queira retirar desta licenciatura o saber para 'ensinar' outrém, eu, confesso que ainda não sei ao certo, - acho que não será esse o meu caminho - até porque antes de querer ensinar o que quer que seja, quero aprender a aprender. Não só conteúdos academicamente ricos e indispensáveis. Mas sobretudo sobre mim, sobre os outros... sobre Nós! E por isso, como podem ver, uma das frases-chave do meu blogue é de Paulo Freire, um grande autor/pedagogo brasileiro que me foi dado a conhecer pelo prezado professor António de Diversidade.

NOTA DO TRABALHO:

Tinha de partilhar a nota deste trabalho: 80%. O que não significa que não tenha merecido algumas críticas por patte da docente.

Não escondo que senti alguma alegria pela nota atribuída, mas a verdadeira felicidade foi o gozo que me deu fazer  este trabalho.
Perdoem a arrogância.

Bibliografia:

Tavares, José, Gomes Alexandra, e tal. 2007. Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Porto: Porto Editora

Sousa, Filomena Carvalho. 2008. O que significa ser adulto? – As práticas e as representações sociais – A Sociologia do adulto. VI Congresso Português de Sociologia. Número de série 395

Anónimo. 2008. A Identidade e o Eu na Vida Adulta. Temas do Desenvolvimento do Adulto e do Idoso. Psicologia do Desenvolvimento

Marchand, H. 2001. A sabedoria.

Anaut, M. 2005. A resiliência. Ultrapassar os traumatismo. Lisboa: Climpesia (Adaptado como Resiliência, Uab)